02 novembro 2022

Porque falham as nações


Depois de mais de 500 páginas sobre o tema e com vastos exemplos históricos, entendi claramente a mensagem: o sucesso ou o fracasso de uma nação dependem de esta ter políticas e instituições “inclusivas” ou “extrativas”. Em português mais comum dir-se-ia haver quem governe ou quem se governe.

Nos modelos inclusivos o poder e a influencia no poder envolve uma larga maioria dos interessados, dispondo estes de meios, canais de comunicação e capacidade de reivindicação, garantindo-se que o governo alinha pelo interesse geral e que pode ser facilmente substituído quando se desviar desse objetivo.

A tentação de ficar agarrado ao poder e evitar riscos com reformas ou inovações é também uma caraterística dos “extrativos”, provocando dessa forma o definhamento económico e social.

Mesmo com uma perspetiva histórica alongada, fiquei com a impressão de me estarem a contar um filme a partir do meio. As razões de fundo, porque nalguns países se estabelece e se mantem quem governe e noutros quem se governe, não podem residir apenas nos aleatórios da história.  Porque é a “revolução gloriosa” inglesa de 1688, no fundo uma contestação e limitação do poder real absoluto teve sucesso e se consolidou, permitindo a futura revolução industrial, enquanto, por estes lados, mais tarde, a revolução liberal de 1822 e a correspondente lenta mas concreta evolução para um modelo de limitação de poderes reais, não nos fez sair da cepa torta?

A forma e a força como a população tem vontade e poder para travar trajetórias nocivas ao interesse geral, tem, acho eu, uma componente cultural. Certo que, em situações díspares de meio, entre uma fértil e generosa terra ou um árido e inclemente solo, os requisitos para a sobrevivência são diferentes e assim também serão as exigências quanto à governação. Mas, entre Portugal e a Inglaterra as diferenças não serão assim tão grandes.

Essa coisa da cultura não se mede apenas pelo número de pessoas que vão aos museus e teatros… ou também?

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