30 junho 2018

Ajudando o populismo

Quando se fala em migrantes e na crise associada é fundamental fazer a análise em distintos níveis. No imediato, se estão vidas em risco no mar, é desumano deixá-los morrer à fome ou naufragar. Sobre este ponto não há/não deveria haver dúvidas. Ponto final.

Uma outra dimensão é admitir estruturalmente que a Europa tem obrigação de acolher todos aqueles que para cá queiram vir. Ignorando considerações interesseiras sobre a “necessidade” de importar matéria humana, como quem importa petróleo ou óleo de soja, a resposta é não e por três razões simples.

1 – Não é justo esvaziar o terceiro mundo de uma parte significativa dos seus recursos humanos, sob pena de comprometer ainda mais o seu desenvolvimento.

2- Muitos desses migrantes terão dificuldade em se integrarem num meio diferente do seu e serão infelizes longe de “casa”. Prefeririam viver dignamente aí.

3. A Europa não tem capacidade de integração ilimitada.

A postura de querer recolher “todos”, como quem leva para casa um gatinho encontrado perdido na rua, é infantil! Estas e outras boas intenções servem para potenciar o tráfego, alimentar as máfias associadas e amplificar expetativas nos países de origem.

Uma boa parte da população europeia, que consegue ver para lá desse irrealismo ingénuo, a escolher entre os que dizem “venham todos” e os populistas que dizem “nem mais um”, face a essas duas únicas opções… escolhe o populismo.

A solução não passa por derrubar os muros, passa por não haver necessidade deles.

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