09 junho 2018

O dia do dia


Tanto quanto sei, e não sabendo eu tudo, hoje não é dia da mãe, nem do pai, nem de filhos, irmãos, primos, independentemente do grau, nem de genros, sogras, nem do Espírito Santo.

Tão pouco de Buda, nem de Alá, Ganesha, Yemanjá, Jeová, Nossa Senhora, nem de Abrão, nem de Ali, nem de Páscoa, nem Natal, nem Achoura, nem de Aid, nem de uma batalha qualquer.

Também não será dia de independência, nem restauração, revolução, reversão, massacre, martirização, nem dos pastéis de nata.

Passamos ao lado do bacalhau à Gomes de Sá, do pudim abade de Priscos, da posta mirandesa, de migas ou açordas, da cerveja artesanal e da batata frita ou por fritar.

Ignorados os pinheiros, carvalhos, medronheiros, oliveiras, sobreiros e as palmeiras sobreviventes ao escaravelho vermelho.

Não contem com protagonismo em homenagens ou barragens a vespa asiática, o lince da serra da Malcata, os touros torturados nas touradas, as raposas esfoladas nem os peixes afogados em mares de plásticos.

Com esta aridez de causas ou motivações para enfrentar o dia, que fazer então, que se pode publicamente declarar? Pode não ser fácil e é de recordar que o não fácil é muitas vezes sinónimo de meritório.

Tentar que um simples dia do dia, seja melhor do que o dia de ontem?

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