27 maio 2018

Feijões ambientalmente desastrosos


Sem grandes precisões da ciência económica, que não domino, uma moeda é um valor intermédio entre uma coisa que fiz ou entreguei e outra que posso obter. Terá um universo onde é reconhecida e aceite. Os feijões e as notas do monopólio têm valor apenas dentro do contexto de um jogo. Um dólar será reconhecido e aceite praticamente em todo o mundo, uma moeda não convertível pouco valerá fora do seu país emissor. Nalguns recantos, mesmo na Europa, inventaram-se moedas complementares/comunitárias que são relativamente bem aceites para pequenas transações.

Criar uma nova moeda não será difícil per si, o desafio é vê-la reconhecida num universo que se veja e isso vai depender muito da forma como é emitida e controlada.

Estou a chegar a essa coisa das “criptomoedas” e à mais famosa, o bitcoin, que me levanta algumas reflexões. A primeira, do ponto de vista tecnológico, é a robustez que a sua gestão tem demonstrado. Neste mundo onde nada parece estar a salvo das piratarias informáticas, tanto quanto se sabe e ouve a sua base tem-se mostrado bastante sólida.

 A segunda reflexão é na vertente sociológica. Como há tanta gente a reconhece-la, a acreditar e a investir nela é um mistério para mim. Simples espírito de jogo? Facilidades para pirataria fiscal e financeira?

A terceira, e aqui a coisa é mesmo grave, é a sua dimensão energética e consequentemente ecológica. A emissão de novos bitcoins (mineração??) é um processo competitivo entre computadores. O consumo energético anual de todas as máquinas que lutam pelos novos bitcoins é da escala de um país inteiro como a República Checa!!(fonte ttps://digiconomist.net/bitcoin-energy-consumption ). Este número é cerca de 1,5 vezes superior ao consumo total de energia em Portugal, tendo dobrado desde janeiro de 2018 até agora.

Falta ainda somar o consumo energético associado às restantes moedas análogas. Num tempo em que se contam para tudo, por muito e por pouco, as toneladas de CO2 emitidas, os impactos ambientais de tudo e mais alguma coisa… isto é uma BARBARIDADE!


Sem comentários: