27 dezembro 2015

Sobre salvar os bancos

O Sr. José depositou as suas poupanças no banco, que prometeu devolvê-las passado 6 meses, acrescidas com alguns juros. O banco emprestou o dinheiro ao Sr. António que prometeu devolvê-lo passado 6 meses, com mais uns juros.

Ao fim dos 6 meses, o Sr. António está falido e não consegue devolver o dinheiro ao banco, que assim fica atrapalhado para cumprir o seu compromisso com o Sr. José. Este é um problema sério, porque o capital de um banco é bastante inferior à totalidade dos fundos que movimenta.

Assim, quando um banco é “salvo”, não se trata propriamente de salvar os seus donos, mas sim os “Josés” que não gostariam nada de perder as suas poupanças. Se um banco, como agora o Banif, chega a esse ponto, fundamentalmente uma de três coisas terá ocorrido:

1) Foi fruto da sua atividade “normal”. Ter um cliente que não paga, acontece em qualquer sítio e a situação recessiva atual proporciona muitos “Antónios” falidos.

2) Foi incompetência da gestão do banco, que não teve prudência suficiente na gestão dos seus produtos e clientes

3) Foi algo de doloso, como o exemplo do BPN, em que o banco fez circular dinheiro por um círculo de amigos/influência, sem a mínima preocupação de solvabilidade nem garantias. Lembram-se do senhor Oliveira e Costa a vender e a recomprar ações da SLN, com valorização completamente arbitrária?

Assim, antes de se barafustar histrionicamente contra o “salvar os banqueiros”, à custa dos contribuintes, antes de criticar a inação do governo anterior, a precipitação do atual ou a inépcia da supervisão, eu queria mesmo era saber se foi apenas azar do negócio, incompetência dos gestores ou aldrabice descarada…

A diferença entre os vários cenários é muito grande e é fundamental continuar a haver “Josés” a acreditar e a colocar poupanças nos bancos, para eles emprestarem a “Antónios” (sérios), que assim investem e criam riqueza.

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