24 janeiro 2014

Uma análise deficitária

Ao que parece, o défice das contas públicas em 2013 vai ficar melhor do que a última previsão e há quem julgue que isso pode ser uma oportunidade para reduzir a “austeridade”. Ora bem, 1% menos do que o previsto é bom mas 4% negativo continua a ser mau, continuamos a afundar, apenas a um ritmo mais lento.

Em números muito redondos, com uma dívida pública que supera largamente o PIB, uma taxa de crescimento prevista para 2014 inferior a 1% e juros a 5%, é fácil entender que continuamos a empobrecer e que a probabilidade de sairmos deste buraco é tudo menos garantida.

Presumir que os 4% de défice são um “alívio”, uma “folga” que pode permitir relaxar o esforço de consolidação orçamental é um sinónimo triste de que sem uma tutela e uma disciplina imposta pelo exterior não nos governamos nem nos deixamos governar. Se esta austeridade é a correcta isso pode e deve ser discutido. Agora, no cenário actual, achar que 4% de défice já permite abrir os cordões à bolsa é de uma irresponsabilidade e/ou ignorância assustadora.

Já agora, a propósito dos juros, porque é que o governo não consegue captar directamente as poupanças nacionais, oferecendo uma remuneração inferior à que suporta nos mercados e superior às aplicações disponíveis, dispensando o sistema financeiro intermédio para uma parte da dívida? Propostas nesse sentido não são muito visíveis, mas também, se calhar, um cidadão tem mais confiança num contrato que faz com um banco do que com o Estado…

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