04 novembro 2012

Refundar

Quando não se sabe o que fazer, baralha-se e torna-se a dar. A palavra “refundação” avançada por Passos Coelhos estes dias soa-me a baralhar. A ideia de convocar o PS para discutir ideias e propostas parece-me positiva. Se este diz e repete que há alternativas, não tem mais que fazer do que se sentar à mesa de trabalho e apresentá-las e discuti-las. É muito mais interessante do que simplesmente o anunciar e repetir em jantares de família, para as respectivas ovações da praxe.

Mas, da mesma forma como a ideia peregrina de Passos Coelho de fazer uma revisão constitucional não servia para nada, também penso que não temos que refundar nada. Apenas fazer bem o que tem que ser feito. A solução não é cortar 5%, 10% ou 20% a todos os funcionários públicos. O problema é não se cortar 100% naquilo que é realmente redundante e, para isso, não é preciso refundar nenhum estado, basta trabalhar a sério sobre o assunto e ter convicção e coragem. Eu não me importo de pagar impostos para uma sua redistribuição séria pela educação, saúde, justiça, segurança e todas essas coisas que devemos ter independentemente do saldo da conta bancária. Agora, não estou disposto é a pagar coisas que custam o dobro do que deveriam custar, não estou disposto a ver o esse dinheiro que ganhei ir parar à Suíça, pagar o escândalo do BPN, as generosas consultadorias dos grandes concursos públicos e por aí fora. Para isso, insisto, não é necessário refundar o Estado, a menos que ele esteja tão podre que não tenha cura. Neste caso também não seriam os protagonistas actuais os adequados a tal missão e isso era uma conclusão muito perigosa.

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