16 novembro 2012

O resultado da democracia

Suponhamos que se instaura um regime democrático numa creche e a ementa da semana vai a votos. A educadora apresenta uma proposta equilibrada alternando carne com peixe e sem esquecer a sopa e a fruta. O Manelinho levanta-se e diz – “Basta! Somos livres de escolher, não temos que estar subjugados a essa tirania da dietética que nos querem impor! A minha proposta é: hambúrgueres e batata frita, todos os dias!!”. Naturalmente arranca uma larga salva de palmas e entusiásticas ovações.

O mais certo é que o Manelinho tenha uma larga vitória e, com plena legitimidade democrática, se passe a comer hambúrgueres e batata frita todos os dias. Quando mais tarde for necessário tratar do colesterol, aí a culpa é da troika, que é como quem diz do médico que prescreve, mal ou bem, o tratamento.

Todos aqueles hoje que hoje barafustam contra a dita troika, onde andavam e que diziam quando o pessoal se empanturrava com os ditos fritos? Quantos deles tiverem a coragem de dizer nessa altura que pelo caminho que levávamos íamos acabar muito mal? Muito poucos. Um número absolutamente residual e largamente inferior ao daqueles que por acção ou omissão alinharam com os Manelinhos. Vociferar agora contra o tratamento a que os sucessivos desgraçados desgovernos nos conduziram é tarde. A democracia falhou. Irá ser necessário suspendê-la?

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