31 maio 2011

Lugares em branco

Eu sei que a sugestão não passará. Os que a poderiam aprovar são parte interessada, mas vale sempre a pena referir o assunto. Quem se dá ao trabalho de se deslocar a uma mesa de voto, esperar pela sua vez, receber o boletim e respeitosamente dobrá-lo em branco, não deveria ter uma leitura igual a quem vai lá desenhar uma careta ou escrever um palavrão, nem àquele que fica em casa ou na praia por não estar para se chatear.

Quem vota em branco tem o cuidado de dizer: eu quero votar, não prescindo desse direito e obrigação, mas não me reconheço em nenhuma das propostas apresentadas. Assim, os votos em branco deveriam ser contados para a repartição dos deputados e os lugares proporcionais deixados em branco. Quem respeita o sistema dessa forma, deveria também ser respeitado e não ser ignorado com, no final, as bancadas completas (quando não há faltas), supostamente espelhando a vontade expressa de todo o eleitorado.

Os lugares em branco seriam um sinal permanente aos deputados dizendo: não julguem que têm a representatividade garantida. Estamos aqui em nome de alguém que não vos julga merecedores do seu voto. Se querem o voto deles, tentem fazer melhor.

1 comentário:

Maria Manuel disse...

Medida mais lúcida do que a ficcionada no "Ensaio" do nosso Nobel comprometido. E, sobretudo, com grandes potencialidades pedagógicas, se os políticos não estivessem/estiverem para a democracia como os burros velhos para as línguas!... (Na 2ª forma verbal ponho a minha réstia de esperança)