Ben Ali foi a primeira vítima do wikileaks. Acredito que as revelações que mostraram em detalhe e confirmaram o que se adivinhava, pôs a pólvora a descoberto. O jovem que se imolou foi rastilho. O regime ter acreditado que podia ter controlado o incêndio à bala, foi o seu último erro.
A última vez que estive em Tunes foi há um mês, em Dezembro passado. Aquele eixo Cartago-Gammarth era realmente muito giro. Giro e chique. Nem parecia que estávamos em África. Mesmo não conhecendo a fundo os dois contextos, apetece-me dizer que tinha mais sítios chiques e finos do que a própria cidade do Porto. Difícil imaginar que esteve a ferro e fogo e que uma parte foi saqueada, de tão tranquilo e “controlado” parecia.
Os mesmos que há dois meses abraçavam fraternalmente Ben Ali e que há duas semanas assobiavam para o lado enquanto os manifestantes caiam pelas balas, ontem negavam autorização de aterragem ao avião do ex-presidente e hoje saúdam a revolução do povo tunisino. Pois é. Dizem que o povo tunisino fez cair um ditador… É verdade. Ben Ali saiu, já não está lá. Mas pretender que tudo mudou assim quando a “grande família” controlava uma enorme parte da economia do país... no mínimo, não é evidente.
E agora? Será a vez da “oposição democrática” ? Se existia, não se via. Será a vez de uma “democracia” ? Acho que não. Provavelmente será a vez de um “herdeiro” de Ben Ali. E, apesar de tudo, pode não ser a pior solução.
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