09 outubro 2010

Acabou a Paz na China

A atribuição de um Prémio Nobel e em especial o da Paz tem várias dimensões. Uma será premiar uma personalidade pelo trabalho realizado em promoção da paz, outra, dado o seu prestigio, é o que a atribuição em si pode fazer pela paz.

O ano passado foi um exagero. Premiou-se uma pessoa unicamente porque que se pensava que ela iria promover a paz, ficando assim com o prémio condicionada e mais comprometida. Na minha opinião a escolha de Obama foi um erro, não se premeia o futuro com um cheque em branco.

Neste ano, a sensação é de que foi na mouche! A China é uma grande potência económica e acha que tem direito a ocupar um lugar correspondente à sua dimensão no concerto das nações. Por outras palavras, quer ir nadar para a piscina dos grandes. Pode ter o direito de o exigir, só que essa exigência implica abrengência, ou joga o jogo completo ou não pode ser. Não pode pretender um lugar permanente no conselho de segurança da ONU e, ao mesmo tempo, considerar que a declaração universal dos direitos do homem é um regionalismo ocidental que não se aplica à sua cultura. Não pode ameaçar com retaliações a Noruega pelo seu comité Nobel ter distinguido alguém que para eles é um “criminoso”, quando criminoso é fazer essas ameaças.

Este prémio foi um soco no estômago brutal que coloca a China numa encruzilhada tremenda. Ou não muda e perde autoridade moral para ser Grande com maiúscula, ou muda, mas aí, ao mudar o seu sistema, está a mudar os alicerces que lhe permitiram crescer até onde chegou. Grande imbróglio!

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