05 janeiro 2008

A capitulação


A anulação do Lisboa Dakar foi uma capitulação triste. É difícil julgar a decisão sem estar a par de tudo o que realmente se sabia sobre o nível de risco presente na Mauritânia. Não é a primeira vez que existem ameaças. Não teria sido possível com um trabalho conjunto e prévio com as autoridades mauritanas garantir um mínimo de segurança aceitável? Este ano o risco era claramente mais elevado do que em edições anteriores? Se foi “unicamente” por uns dias antes da prova terem sido assinados quatro franceses e o GSPC ter feito ameaças, é exagerado. Por essa lógica, nenhum francês ou europeu deveria pôr sequer os pés no Magreb.

Nas circunstâncias actuais, e face à enorme pressão do governo francês, se a organização mantivesse a prova e ocorresse um atentado seria indesculpável. Ou não? Se os terroristas ameaçarem outro evento desportivo ou cultural noutro local do planeta, vamos passar a ser assim conservadores e a recuar sistematicamente?

É verdade que o nível de segurança possível de garantir não é o mesmo em todos os países, mas, hoje o Dakar na Mauritânia, amanhã um hipotético campeonato em Marrocos, em seguida um festival na Tunísia e, aos poucos, esses destruidores de civilização acabarão por prejudicar de uma forma subtil e efectiva uma parte do mundo, numa região que o que menos necessita é de isolamento.

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