11 julho 2007

O voto popular

Já dizia “o outro” que a democracia é o pior de todos os sistemas...
E, de facto, o voto popular nem sempre é sinónimo de clarividência. Pondo de lado os casos políticos populistas, sempre sensíveis e polémicos, vejamos as votações a brincar. A escolha do maior português foi o que se viu e agora temos o exemplo das 7 novas maravilhas do mundo. Cabe na cabeça de alguém que lá esteja o Cristo Redentor do Rio de Janeiro e não o Alhambra de Granada? Ou que a Catedral de Milão nem sequer aos finalistas tenha chegado?

Voltando ao sério, ter o direito de poder escolher é também ter a obrigação de avaliar com honestidade e isenção. Quem não se preocupa com a seriedade da avaliação deve poder usufruir do direito de avaliar?

E aqueles que, por incapacidade intrínseca, falta de formação ou outras coisas do género, são mesmo incapazes de avaliar, deveriam ser impedidos de votar? Conversa perigosa!

Bom, sorte mesmo foi, na lista dos finalistas das 7 maravilhas de Portugal, não ter constado o Estádio do Dragão nem o da Luz!

2 comentários:

Maria Manuel disse...

É mesmo perigosa essa subtil insinuação do penúltimo parágrafo...
Nós fizemos essa dolorosa aprendizagem bem cedo nas nossas vidas: a de reconhecer e aceitar a validade igual da opinião do outro, ainda que infundada, por desconhecimento, por falta de sensibilidade estética, etc, etc...
A democracia tem essa e outras dificuldades, mas é ela que nos permite a liberdade de falar abertamente sobre elas, dizermos cobras e lagartos, se assim o acharmos, justamente porque não nos falta!
Troco, de bom grado, a piroseira de ver o Cristo Rei eleito "maravilha", pela liberdade de exprimir livremente esta e outras opiniões...
(E olha que quanto a essa liberdade, tem havido sinais de perigo...!)

Carlos Sampaio disse...

MM

A insinuação é perigosa, é claro. Apesar de tudo, pelo menos para "nós", a democracia é o pior sistema, com excepção de todos os outros.

Agora se é verdade que liberdade e democracia costumam ir uma com a outra, nem sempre é assim. Hitler chegou ao poder democraticamente eleito. Se a Argélia não tivesse interrompido um processo democrático em 1992 teria muito menos liberdade do que a que tem hoje.

E, voltando à menoridade para escolher, esses críticos, que têm sido objecto de reações de significado preocupante, não fariam certamente parte dos eventuais "excluidos". :)