Consultei na página da RTP a lista dos 10 finalistas ao concurso dos “Grandes Portugueses” e constatei que a média das suas datas de nascimento é 1623. Significa que somos um país “passado”? Que seria preferível termos figuras fortes mais recentes ao estilo de Churchill para o Reino Unido ou de De Gaulle para a França?
Cada cultura tem as suas âncoras de identidade. Num país novo elas estão frequentemente nas lutas pela independência. Num país mais maduro, estarão mais provavelmente em referências culturais. O facto de, por exemplo, a França se rever numa referência máxima que é um estadista de há poucas décadas, não será assim tão positivo. Os grandes contributos só se vêem a prazo. Achar que o aconteceu “ontem” foi o mais importante de sempre é uma forma de ver "curta".
Costumo brincar com estrangeiros fazendo-os tentar adivinhar a evocação do dia de Portugal: não é político, não é militar, não é nada que se possa imaginar..... é o dia de um poeta! Claro que o é muito mais pela referência épica do que pela lírica, mas não deixa de ser um sinal de maturidade civilizacional enorme.
Por isso, se o vencedor do concurso for alguém de há vários séculos atrás, não o verei de forma nenhuma como um indicador de atraso. Antes pelo contrário, o facto de termos esse passado é um motivo de orgulho no presente e de responsabilidade acrescida para o futuro. O importante é que, quando este concurso for repetido dentro de cinco séculos, se consiga encontrar bons candidatos nos séculos XX e XXI.
Como nota final, este optimismo leva uma boa pancada ao consultar a ordenação da lista dos 90 seguintes. É melhor não ver... :-( . Nessa altura pode-se então argumentar que se trata duma votação pouca representativa.
Cada cultura tem as suas âncoras de identidade. Num país novo elas estão frequentemente nas lutas pela independência. Num país mais maduro, estarão mais provavelmente em referências culturais. O facto de, por exemplo, a França se rever numa referência máxima que é um estadista de há poucas décadas, não será assim tão positivo. Os grandes contributos só se vêem a prazo. Achar que o aconteceu “ontem” foi o mais importante de sempre é uma forma de ver "curta".
Costumo brincar com estrangeiros fazendo-os tentar adivinhar a evocação do dia de Portugal: não é político, não é militar, não é nada que se possa imaginar..... é o dia de um poeta! Claro que o é muito mais pela referência épica do que pela lírica, mas não deixa de ser um sinal de maturidade civilizacional enorme.
Por isso, se o vencedor do concurso for alguém de há vários séculos atrás, não o verei de forma nenhuma como um indicador de atraso. Antes pelo contrário, o facto de termos esse passado é um motivo de orgulho no presente e de responsabilidade acrescida para o futuro. O importante é que, quando este concurso for repetido dentro de cinco séculos, se consiga encontrar bons candidatos nos séculos XX e XXI.
Como nota final, este optimismo leva uma boa pancada ao consultar a ordenação da lista dos 90 seguintes. É melhor não ver... :-( . Nessa altura pode-se então argumentar que se trata duma votação pouca representativa.
2 comentários:
Reflexões soltas sobre esses 10 1ºs:
Preocupante que entre eles estejam, pelo menos, 3 comprovados déspotas, independentemente do seu valor.
Enternecedor e justíssimo que entre os 1ºs posicionados figure Aristides de Sousa Mendes, homem grande pela generosidade e solidariedade, que acabou na miséria; pena que à sua frente figure o principal responsável pelo seu final triste!
Gratificante que entre eles figurem dois poetas maiores, que não viram o seu valor reconhecido pelos seus contemporâneos…
Que o 1º continue a ser o 1º… é natural :-)
Surpresa, para mim, a posição de Álvaro Cunhal!
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