19 janeiro 2007

Mapas



Tenho uma relação muito séria com mapas. Diria mesmo que não imagino a minha vida sem mapas... Em qualquer país, em qualquer cidade, o mapa é um produto de absoluta primeira necessidade. No caso de não arranjar, tenho que construir lentamente um mapa mental. É que não me sei deslocar sem estar permanentemente a relacionar onde estou com por onde passei antes. Mapeio constantemente o espaço visível em torno de mim: de que lado está o rio e a que sistema pertencem aquelas montanhas.

Um mapa é um objecto sagrado. Tem que ser dobrado da forma certa e arrepia-me vê-lo ser riscado por uma esferográfica.

Não sou capaz de ouvir uma referência geográfica, qualquer que seja a sua dimensão sem perguntar onde fica e acabar por concluir com um pergunta de verificação do tipo “Então fica entre x e y, não é?”. E, se assim não for, recomeçar.

Uma das situações mais confusas e difíceis de processar para mim é pensar que estou virado para Norte quando, na verdade, estou virado para Sul. Apenas me aconteceu duas vezes na vida e só consegui interiorizar a direcção certa depois de chegar a um local conhecido. Até encontrar essa referência lutei por me convencer e recalibrar a minha bússola interna mas sem sucesso.

É fácil adivinhar que tenho uma boa colecção de mapas e que sou capaz de me perder no tempo a consulta-los. Se de locais por onde já passei, para consolidar o conhecimento e confirmar as relações. Se de zonas desconhecidas para tentar adivinhar o terreno e ensaiar hipotéticas viagens.

1 comentário:

Maria Manuel disse...

Essa capacidade de orientação, digo eu, que não a tenho e muita falta me faz, é um dom! Imagino o que seja ter essa consciência do mundo e sei que com ela a vida é, de certeza, mais completa.