18 setembro 2006

A Máquina do Tempo

Não imaginava o que fosse viajar numa máquina do tempo. Deixar de ter contacto com um comunidade, até aí de vivência quotidiana, e regressar ao fim de uma meia dúzia de anos.

Claro que não se espera encontrar tudo igual. Mas apenas marginalmente diferente. E não é assim. E não é só a densidade e a cor dos capilares. Não é só o perímetro das cinturas. Não é só a profundidade das olheiras ou o aguçar do nariz. Essas são as evoluções da embalagem.

As diferenças mesmo estão nos olhares. Há quem apague, há quem acenda, há quem permaneça apagado e há quem continue brilhando.

O mais estranho é o tempo passar tão desigualmente. Uma dimensão realmente complexa.

13 comentários:

Anónimo disse...

Nada de estranho, acho eu. O tempo passa para todos, mas não passa igualmente para todos. Há a vida de cada um. E depois, quanta dessa apreciação não vai da impressão subjectiva, do que ficou na memória?

Prepara-te para prestares contas aos da comunidade. Eu quereria saber a idade do meu olhar! :-)

Anónimo disse...

Pelo 'tom' parece que houve mais pessoas a apagar do que a acender ou continuar a brilhar!
Será ?

Anónimo disse...

Carlos,
se tiveres em conta o facto de, África ter sido o "berço da Humanidade" o "ventre fértil do Mundo", talvez encontres aí a explicação para esses "olhares".
- uns, mais velhinhos; cansados; mais distantes mas também mais profundos.
- outros, brilhantes;novos; crentes.
África está em preparação para uma nova "gestação".

Tudo aponta para uma regeneração.

De quanto tempo é essa "gestação", não te sei dizer. Mas vai demorar um pouco a "parir" lá isso vai.
Um bjo

Anónimo disse...

Imagine-se que pelo olhar e com ele, revelamos e revela-mo-nos.
Imagine-se também que ele, o olhar, pode ser o reflexo da nossa essência para o exterior e que a massa dessa essência é também, em parte, fermentada no reflexo de outros olhares, cujos, serão tambem o reflexo de essências alheias, que, porque fermentam nas nossas...
adiante...
Ha quem se limite a caminhar pela estrada e ha quem construa a mesma.
Felicidades e muitas viagens.

Carlos Sampaio disse...

MM
No entanto, os ponteiros dos relógios rodam com a mesma velocidade em todos os pulsos...

Anónimo
Alguém da comunidade a pedir contas?

Teresa
Isso é verdade mas a comunidade em questão não é africana. É uma comunicade profissional.

Bartolomeu
Que resto do tempo para lá da viagem?

Anónimo disse...

Carlos, é sempre esse resto que se busca, a viágem em si é uma metáfora.
Dizia-me alguem que tem como eu a paixão de subir montes, montanhas... a subida testa o físico, o cume acaricia os sentidos a descida realiza-se porque não ha tempo para permanecer no topo.
Terei coincidido na resposta que já sabia?

Anónimo disse...

'Alguem da comunidade a pedir contas?' : R: Claro ...!!!
Boa sorte nesta nova etapa da sua vida !!!
MJM

Carlos Sampaio disse...

Bartolomeu

Sobre esse tema da viagem, do viajar e do chegar, está algo lá atrás

MJM
Afinal, estas contas foram fáceis de prestar.

Anónimo disse...

Carlos, continuando num registo de subtil metafora, e sem vontade de o maçar, gostaria só de deixar este pensamento: Os grandes desígnios da humanidade foram entregues a profetas no cimo de montes, as grandes visões também, os mosteiros budistas, a residência do papa, etc.
Não vou deixar expressa, uma opinião religiosa, no entanto, ainda não conheci melhor local para meditar, mesmo até sobre trivialidades que o cume de um monte.Talvez, precisamente por a panorâmica ser de 360º e se verificar a ausência de "tudo", ou "tudo" não passar de uma imagem de trompe d'eille.

APC disse...

O tempo deixa as suas marcas, sim... Viver é o sucessivo acumular delas todas. Mas o afastamento desse tempo, desse espaço, desse sentir, pinta de excessiva surpresa um regresso, acentuando todas as marcas, como se houvessem sido imediatas.
Sim, é bem possível que também o teu olhar denuncie mudanças repentinas que para ti não o foram (MM)... Ah, pois, os olhares "pedem-se e dão-se contas"; dão conta de tanto!... O teu deu-se conta do que contas (e, claro, do demais que não contas:-)

Carlos Sampaio disse...

Bartolomeu

Não concordo muito com essa visão. A humanidade avançou com viajantes que souberam trilhar caminhos, souberam subir e descer. Eventualmente terão passado alguns momementos nos cumes mas não estando permanentemente empoleirados nas alturas.

Anónimo disse...

;-) Fiche Carlos.
A propósito dos dois "aventureiros" que saíram ontem num mini 1000, com destino a Moscovo, podemos considerar a aventura deles uma viágem?

Carlos Sampaio disse...

Bartolomeu...

A resposta é: "depende...!"