27 setembro 2006

O lixo é relativo?


Há uma dúzia de anos, um belga em visita a Portugal dizia-me vivamente impressionado que Portugal era um país sujo. Eu, embora concordasse que podia haver menos lixo nas bermas das estradas, achava que não era motivo para tamanho escândalo. Também dizia ele que estava tudo muito degradado. Que, na Bélgica, ninguém dormia descansado se tivesse uma telha fora do sítio ou uma mancha no muro por pintar. Embora, globalmente, lhe desse razão achava que o nosso modo de vida tinha algumas vantagens, alguma descontracção que lhes faltava, permanentemente stressados com os sinais aparentes de arrumação. Também era verdade que, para eles, tratar do jardim era prioritário em relação a sair no fim de semana.

Deve ter sido por isso que quando devolvi a casa alugada ao senhorio, tive que pagar indemnização por o jardim não estar suficientemente bem mantido. Devo dizer que a culpa não foi só minha. Houve uma toupeira teimosa que muito contribuiu para essa desgraça.

Quando chegei a Argel achei-a suja e degradada. Excepto em pequenas zonas limitadas é difícil encontrar ruas limpas, lisas e/ou secas. Há construções novas e velhas, acabadas e por acabar e muitas novas que já parecem velhas. Pensando melhor, acho que poucas estarão realmente, realmente acabadas. Ficam sempre uns ferros para cima, ou uns buracos para fechar ou, no mínimo, entulho por limpar.

Não o comentei com os locais como o belga fez comigo. Mas, se tivesse feito, teriam eles um ponto de visto idêntico ao meu? Será o lixo relativo?

Devo acrescentar que não sou um fanático da organização. Apenas sou organizado na medida em que isso me interessa. Na medida em que me permite utilizar melhor o tempo e ser mais eficiente.

5 comentários:

Anónimo disse...

A composição química do lixo varia de acordo com a cultura e o grau de desenvolvimento de cada país. Nos países pobres, a maior parte do lixo é composto por matéria orgânica, daí que o ar se torne, na maior parte das vezes, impossível de respirar. São restos de alimentos, legumes, cascas de frutas, carcaças de animais etc.
Ter bastante matéria orgânica no lixo é uma característica dos países pobres.
Nos países ricos, predomina o lixo orgânico: vidro, plástico, metal, além das embalagens de papel e papelão.

Levando isto em conta, o LIXO PODE SER RELACTIVO em relacção a:
- Quem o vê e com que olhar.
- Quem o cheira e com que nariz.

Ora bem,isto dava "pano para mangas" eheheh!

Anónimo disse...

Tão mau cego como o que não quer ver é aquele que vê tanto que não repara.
O lixo pode não ser relativo, mas a consciência da sua existência e o incómodo sentido com ele, são-no com certeza!

Anónimo disse...

MM

Já pelo simples facto de o estarmos a discutir, o torna relativo.

No entanto,devemos estar de acordo em:

-lixo deve ser destruído e/ou reciclado

Carlos Sampaio disse...

O conteúdo do lixo pode ser muito variado e a sua importância relativa. Há no entanto um tipo de lixo que é igual, ou muito parecido, em qualquer parte do mundo... :)

APC disse...

É uma questão de hábito, que molda a perspectiva. Aqui pelas minhas bandas, quando se sai do centro da cidade e se mete pela periferia (sendo já esta uma cidade de periferia, lol), é ver os vizinhos, maioritariamente africanos mas não só, a viver nos mesmos barracos de sempre e cada vez mais latos e enterrados em detritos e destroços pestilentos. Estarão bem melhor que em Angola, por exemplo; e bem melhor que outros vizinhos, talvez; apenas pior que gente que, a bem dizer, pouco conhecem, ou que, conhecendo, nem julgam viver tão melhor assim.
Por essa ordem de ideias, claro que o lixo é relativo; se entendermos por "lixo" muito mais que ele mesmo (atendendo a conceitos de arrumação e estética, civismo, saúde pública e pessoal, etc.).

PS - Fui ao Porto. Não estavas por lá! ;-)