26 maio 2023

Esplanadas, tuk-tuks e pastéis de nata

E inquestionável a importância do turismo na recuperação de centros históricos e na revitalização de espaços rurais. Tem sido fundamental a sua contribuição na nossa economia. Após o desastre nas contas públicas que nos trouxe a famigerada intervenção da troika, o sol, o património cultural, as paisagens e a gastronomia já cá estavam. Não foi necessário muito criar para tirar partido desse potencial.

Não podemos, no entanto, ficar parados, contentes com o contentamento de quem cá vem sentar-se em esplanadas, dar umas volinhtas em tuk-tuk e provar pasteis de nata. Não podemos porque uma boa parte do emprego associado a essa economia é de baixo valor acrescentado e não corresponde ao modelo social com o qual nos pretendemos justamente identificar e a que muitos portugueses legitimamente aspiram.

Sim, é bom existir este contributo, não vamos matar a galinha dos ovos de ouro, pessimamente estaríamos se não existisse. Só que não deveria ser motivo de enorme contentamento termos uma economia “excelente” (?!), à custa de legiões de licenciados condutores de tuk-tuks e servidores de pasteis de natas. Algo de mais sério e consistente é necessário, a sério. E não é com um Estado voraz a apropriar-se de tudo o que pode, para depois pseudo magnanimamente distribuir que lá vamos.

 

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