05 maio 2022

Os limites da Europa


De Lisboa a Vladivostok parece-me um pouco exagerado. Havendo poucas dúvidas quanto ao limite Atlântico a oeste, o Pacifico do outro lado é talvez um pouco exagerado.

Na definição da Europa e seus limites, mais importante do que os meridianos geográficos estão os valores sociais e culturais e, citando a chamada Constituição Europeia, “humanismo, igualdade de todos os seres, liberdade, respeito pela razão”. A história da Europa teve fases brilhantes e períodos sinistros, por vezes escassamente separados, como, em França, com a Declaração universal dos direitos do homem e do cidadão em 1789 e o terror de Robespierre quatro anos depois. Mais recentemente vimos barbaridades como a guerra civil espanhola, aqui ao lado, o Nazismo na Alemanha e o Stalinismo na Rússia.

No entanto, nos últimos 70 anos, após o final da II Guerra Mundial, a Europa parece ter-se estabilizado, reencontrado esses valores e citando de novo: “respeito pela dignidade humana, da liberdade, da democracia, da igualdade, do Estado de direito”. O que se está a passar na Ucrânia é uma clara negação dos valores europeus. Para aqueles que se recusam a vê-lo, como não viram o Gulag, cegueira ideológica é uma explicação algo benigna.

Trata-se antes de uma opção ideológica, veladamente assumida. É não se reconhecer nos valores humanísticos europeus, promover a tal “revolução” purificadora e a reversão deste regime que, sem ser ideal, é o melhor que existe. Não é passivamente ignorar, é ativamente lutar por uma causa perigosa.

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