11 abril 2018

Triste

Na última dezena de livros encomendada sobre este “meu” tema estava incluida esta obra, muito interessante. Uma citação, para dar o mote:

“Para acabar com a nossa negação! As minhas críticas dirigem-se à minha “família”, aquela dos intelectuais de esquerda, campeões em todas categorias no que respeita a negação: com medo de “fazer o jogo da reação”, negamos a existência dos campos soviéticos, a barbaridade do maoismo, a tirania dos regimes do terceiro-mundo, desde que estes se proclamassem de esquerda. Hoje, face ao fanatismo islamista, com medo de sermos etiquetados de islamofóbicos, voltamos a mergulhar na negação.”

Para lá dos aspetos retrógrados e hegemónicos do Islamismo, que todos conhecem, ou podem facilmente conhecer se quiserem, o livro descreve principalmente a tolerância e a negação dessa realidade, que uma comunidade europeia, supostamente progressista, revela face ao fenómeno.

De uma forma muito detalhada e documentada, ele faz a ponte com processos anteriores, onde tantos “progressistas” se recusarem a admitir o óbvio, até as evidências não permitirem de todo continuar a ignorar a brutalidade desses regimes. Dentro da enorme lista de episódios embaraçantes não resisto a referir um exemplo: em 1953 o Partido Comunista Francês, aceita e defende a possibilidade da condenação à morte de uma criança de 12 anos, porque na URSS, a formação dos cidadãos é tão avançada e eficaz que, com essa idade, já atingiram a maturidade completa. Isto será ser progressista?

Receando uma etiqueta feia e consequente ameaça de exclusão da “comunidade”, um largo número de intelectuais ignorou as vítimas que sofreram e, tantas delas, morreram, pela liberdade e pela dignidade! Deixaram ser roubado o futuro a populações inteiras em regimes despóticos pós-coloniais, porque criticar era equivalente a defender a colonização. Estas visões e omissões absurdas e cruéis são propostas e defendidas por gente de nível intelectual elevado. Não teriam obrigação de, além de serem inteligentes, serem racionais e humanos?

O Islamismo como sistema de organização social é incompatível com os princípios fundamentais dos direitos humanos. Ignorar ou tentar branqueá-lo não é apenas desonestidade intelectual. É ser cúmplice de um crime. Não estamos simplesmente a discutir princípios filosóficos, estão em causa vidas e direitos humanos.

Da parte que me toca, é-me muito fácil. Não devo obediência a nenhuma família e consigo ver rostos, com nome próprio, de quem sofreu/sofre limitações aos seus plenos direitos. É claro que entre correr o risco de ser etiquetado com um nome feio ou ignorar quem não consegue viver dignamente, a escolha é-me muito, muito fácil.

Na mesma colheita veio o livro abaixo ilustrado, com o testemunho de Henda Ayari e do seu calvário pelo mundo salafista. Não é caso único, mas chega para confirmar que a interpretação literal e retrógrada do islão devia ser simplesmente proibida neste nosso mundo.




2 comentários:

jorge neves disse...

Inteiramente de acordo. Mas nos tempos que correm é remar contra a maré.

Carlos Sampaio disse...

Não sei.. mas vale sempre a pena tentar!