09 setembro 2017

Depois dos equipamentos


Circulando hoje pelo país, é inquestionável o enorme aumento de infraestruturas e de equipamentos culturais, sociais e desportivos realizados nos últimos 15 - 20 anos, alguns até em redundância e sem a mínima e necessária coordenação e cooperação entre vizinhos. Para estas próximas eleições autárquicas dificilmente se poderá dizer que a prioridade seja “construir equipamentos”. Exceção notória em Coimbra onde se quer lá quer construir … um aeroporto. Como já há o de Beja parado, no Alentejo, o Centro também tem todo o direito a ter o seu e, depois, talvez seja a vez de Vila Real ou Mirandela.

A prioridade parece-me estar agora mais na utilização efetiva dos equipamentos construídos, só que isso não se faz apenas com dinheiros, venham eles de Lisboa, Berlim ou Bruxelas. Há algo de fundamental para fazer acontecer no desporto, na cultura e na intervenção social em geral, que são as vontades. A prioridade deveria ser a mobilização de vontades num projeto de desenvolvimento sustentado, realmente valorizador, mais do que pensar onde pôr a trabalhar a próxima betoneira ou pagar um “one-night-show” a uma (pseudo)celebridade qualquer.

Essa mobilização precisa de algo mais valioso do que o dinheiro. Uma liderança credível e motivadora, com sérias qualidades humanas, vindas de gente que circule numa órbitra diferente da dos jotinhas recém-promovidos e dos caciques arrogantes. Veremos qual será o resultado final da coragem dos partidos em dar lugar a tais perfis, da capacidade de mobilização da sociedade civil para avançar com alternativas quando a partidocracia não deixou espaço… e do discernimento dos eleitores no dia D.

2 comentários:

Júlio Resende disse...

De acordo, a prioridade deve ser dada à utilização dos equipamentos construídos: Diria mais, ou até chegar ao caso extremo da sua destruição no caso de estes equipamentos estarem a provocar a asfixia das populações.
Não me esqueço de há cerca de 7 a 8 anos ter assistido a um seminário, onde se abordou esta temática. Ouvi uma explicação aterradora proferida por Daniel Bessa “Nas últimas décadas, oram construídos equipamentos em Portugal para uma população de 30 milhões de habitantes”.

Carlos Sampaio disse...

Não conheço essas estatísticas, mas não me surpreendem.
Repara que é (era?) mais fácil arranjar dinheiro para construir do que realmente fazer funcionar o que se constrói.
Depois, andamos falidos e a tinir, mas a culpa é da Merkel, da Troika e do diabo a sete, nunca do que estragámos ! :)