16 setembro 2017

Entre amigos, tudo se resolve

Veio a público recentemente mais um caso de um licenciado “expresso”, também lhe poderíamos chamar licenciado “low effort”, fenómeno não específico de uma cor partidária. Antes que me chamem pafioso, podem procurar por Miguel Relvas neste blogue, se quiserem, é claro. Para lá da situação concreta, destas licenciaturas de favor, leio aqui um problema muito mais vasto do que as dezenas ou dúzias destas habilidades. Diz-se que quem tem amigos não morre na cadeia e, sem chegar a tanto dramatismo, pode dizer-se que para quem tem bons amigos, tudo se resolve.

Se tudo se resolve com esta facilidade e facilitismo quando está em causa uma formação superior, onde ainda existe bastante formalidade, imaginem a quantidade de coisas resolvidas entre amigos, quando as supostas exigências não têm este nível de formalismo.

Aqui, concretamente, estamos a falar da Proteção Civil, que, apesar de usar uns coletes catitas, teve uma prestação péssima nos incêndios de verão, com um inédito número de vitimas mortais, uma brutal área ardida e muita descoordenação evidente. Teria acontecido o mesmo se em vez de dirigentes amigos frescamente nomeados, fosse liderada por gente escolhida por outro critério como a competência, mesmo não sendo amiga?

Pois, não sabemos, mas o mais assustador é não estar em causa apenas a Proteção Civil. Receio estarem em causa todos ou praticamente todos os organismos públicos. E, assim, obviamente, não vamos lá (e a culpa disto não é de Berlim nem de Bruxelas).

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