27 julho 2017

A vitória dos 64 mortos


Levantaram-se dúvidas sobre o número de mortos em Pedrogão Grande. O PM respondeu ser assunto encerrado, estando, historicamente, esta afirmação dele mais associada a um desejo do que a uma realidade. Na mesma altura, ficamos a saber que um helicóptero destruído em Alijó, oficialmente teria feito apenas uma aterragem de emergência controlada. A seguir, o PM muda de discurso e lança o desafio do quem souber de mais, que avise. A lista está fechada num segredo de justiça que não se consegue racionalmente entender. É natural subsistirem dúvidas. A lista é divulgada e, tanto quanto se sabe, as diferenças para os 64 não são da escala especulada.

Acontece, porém, que este governo não governa para um país onde, além lá dos políticos e politiqueiros, há cidadãos com deveres e direitos, sendo um desses direitos o exigir transparência e verdade. Não. O Governo está em guerra. De um lado estão os seus correligionários que acreditam cegamente e apoiam, do outro os inimigos que contestam e duvidam. Um português que questione o governo não é um cidadão a exercer um direito; é um inimigo que ataca.

Não se ter verificado o especulado, constitui uma vitória contra os inimigos, celebrada efusivamente. A confirmação de uma obrigação básica do Governo, não ter encoberto e manipulado o número de vitimas de uma catástrofe, é transformada, dentro desta dinâmica maniqueísta e redutora, num sucesso. O nível a que chegamos!

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