25 julho 2017

Tristes tempos


Infelizmente, não me recordo de termos vivido tempos sérios, no que diz respeito à prática e ao discurso de quem nos governa. Correndo os doze anos destas minhas publicações, encontrar-se-ão muito mais pontos de crítica ao governo em funções em cada momento, do que aplausos. Estes tempos atuais, no entanto, parecem-me diferentes, para pior e o faciosismo acéfalo alastrou. Se quiserem parar de ler, podem fazê-lo, se quiserem contestar o meu raciocínio e contrapor algo, estão à vontade. Tudo exceto chamarem-me de falso, dissimulado ou desonesto. Aí, teremos o caldo mesmo entornado!

Para muitos, concordar ou discordar, dar importância ou ignorar um problema depende apenas da cor do mesmo. À falta de argumentos ou à preguiça para os procurar, cola-se uma etiqueta e “está tudo dito”. Ou é coisa da direita estúpida, ou da esquerda arrogante. O PS atual tem muita responsabilidade nisto. Se por um lado excita o pessoal com a bandeira da “esquerda”, do “outro caminho”, que merece ser bem escrutinado para saber onde vamos parar, e assim enfraquece potenciais “Podemos” e “Syrizas”, por outro lado, é de uma irresponsabilidade enorme.

Os tempos de má memória que vivemos entre 2011 e 2015 foram consequência de uma consistente má governação, ao longo de muitos anos. Por acaso, até era este PS quem estava ao leme quando afundamos. No período da troika, o fundamental da governação teria sido igual, qualquer que fosse o partido no poder. A mensagem atual de que a troika foi uma opção dos “pafiosos” e que com o PS teria sido diferente, é perigosamente muito desonesta.

Acreditei que o susto e o choque sofridos pudessem ter tido um efeito profilático e nos tornássemos mais sérios e mais exigentes. Infelizmente, não. Mente-se, insulta-se e reescreve-se a história mais do que nunca.

“A liberdade consiste, antes de mais, em não mentir. Onde a mentira prolifera a tirania anuncia-se ou perpetua-se.” Albert Camus.

Receio estarmos efetivamente a caminho de uma espécie de tirania. Como quem nos conduz são os donos da única fábrica habilitada a produzir bandeiras dizendo “liberdade”, o caminho só pode estar certo e nem se admitem discussões. As fábricas dos carimbos grosseiros funcionam a pleno regime. A nossa memória e inteligência são insultadas, com sorrisinhos sarcásticos que muito, muito, muito me incomodam.


Foto googleada, já não sei donde...

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