10 novembro 2016

Trump, Bush, Lula e Sanders

Contra todas as previsões e racionalidades, Trump ganhou. Ou, talvez, tenha sido antes Hillary quem perdeu, por desgaste da imagem e descrédito nos simples eleitores, saturados do sistema vigente. Se do lado Democrata estivesse um antissistema como Sanders, o seu resultado teria sido melhor do que o de Clinton e eventualmente venceria? Um cenário não menos inquietante…

Como vai ser na prática a ação de um líder assustadoramente diferente do modelo e dos valores tradicionais, que estamos habituados a ver? Encontro algum paralelo, noutra latitude geográfica e politica, com a eleição de Lula da Silva no Brasil em 2003. Um sindicalista ex-operário que destronou as famílias tradicionais do sistema. Hoje, vendo à distância, e como as investigações em curso vão levantando, a rutura com o “sistema” não foi assim tão significativa como inicialmente previsível.

Trump está mal preparado, talvez não muito diferente de George W. Bush, apenas com a diferença de que esta pertencia a uma dinastia do sistema e tinha mais tento na língua. O problema principal com Bush veio dos seus conselheiros, decididamente maus conselheiros. A esperança é que a prática de Trump, e no discurso da vitória já mostrou mais tento na língua, seja suficientemente influenciada por conselheiros razoáveis, o que quer que isso seja exatamente, esperando bem que não venham da mesma cepa.

O problema maior é que, depois do populismo falhar, a fase seguinte é muito imprevisível e incontrolável.

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