22 setembro 2011

A única via é a via única?



Depois tanto terem protestado na oposição, invocando o despropósito do investimento no TGV e depois de terem pomposamente anunciado a respectiva anulação, os actuais governantes passaram em seguida a referir a necessidade de reflectir sobre o assunto e agora parece que estamos em vias de sermos pioneiros mundiais em ter um TGV-QPM (QPM = Que Pára a Meio).

Pode até ser a melhor alternativa na situação actual, mas por favor expliquem com factos e números, pode ser? Tal alteração de postura num assunto desta relevância tem que ser aberta e claramente apresentada e justificada ao país. É um problema de compromissos internacionais, de compromissos contratuais com os construtores/concessionários? Se sim digam-no e quantifiquem por favor quanto perdemos em não fazer e como isso compara com o que perdemos ao fazer. Sim, porque isto de o fazer nesta modalidade de via única deve dar prejuízo pela certa. Qual o nível de serviço possível nesta configuração? É compatível com o necessário para rentabilizar o investimento? É que o “problema” do TGV não acaba no investimento, há a exploração. A título de exemplo, e onde se justifica claramente a alta velocidade, a ordem de grandeza da frequência dos comboios é: Paris – Bruxelas cada meia hora, Paris Londres cada hora, Madrid – Barcelona cada meia hora. Não é um comboio pela manhãzinha e outro à tardinha…

O cenário de investir numa infra-estrutura de alta velocidade em que depois se fazem parar os comboios a meio do percurso, eles ficarem quietinhos à espera que outro passe para arrancarem de novo é tão absurdo que nem sei que diga… E, ainda por cima, é obvio que a médio/curto prazo surgirá a necessidade imperiosa de instalar a segunda via, obra complicada e cara porque a primeira via estará em operação, conduzindo a um custo somado das intervenções faseadas muito mais elevado do que fazer tudo de uma só vez.

(Foto extraída do site da Alstom)

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