10 setembro 2011

Steve Jobs

Steve Jobs deixou as suas funções executivas na Apple no mês passado, no que será mais do que provavelmente o fim da sua vida profissional, pelo menos, e os comentadores de fim de jogo lá vão dando os seus palpites, comentários e conclusões. Alguns até ousam compará-lo de alguma forma a outra figura de referência contemporânea do mesmo meio: Bill Gates, com a Microsoft suposta inventora do Windows. Aqui, vamos com calma, por favor: Bill Gates também ficou milionário e influenciou a nossa relação com a informática mas não inventou nada: aproveitou bem as oportunidades que teve, e é um mérito, mas não inventou nada e tudo que fez/copiou raramente funcionava bem à primeira. A ideia do Windows (rato mais interface gráfico) nasceu na Xerox e foi pela primeira vez aplicado comercialmente nos Macintosh … da Apple. Quem, como eu, tentou trabalhar, e digo tentar porque não se passava da tentativa, com os primeiros Windows 2.x da Microsoft enquanto uns Macintosh’s ao lado funcionavam perfeitamente, só pode ficar com os cabelos em pé ao ver atribuir a paternidade do Windows à Microsoft … e curiosamente quem está a mudar esse paradigma e a tirar o rato da ligação do operador com a máquina … é a Apple.

O insucesso dos anos 80 e o sucesso dos anos 2000 da Apple/Steve Jobs têm o mesmo fundamento. A preocupação pelo design, elegância, bom gosto, eficácia e prazer de utilização. Só que nos anos 80 poucas empresas ou pessoas tinham o design dos equipamentos informáticos como critério prioritário. O importante era o preço e o desempenho; cor, forma ou tamanho do caixote era irrelevante. Se o Ipod e o Itunes marcaram, foi o Iphone que realmente fez descolar a Apple, oferecendo aos consumidores um brinquedo interessante e bonito que era comprado com a desculpa de ser um telefone. E isso foi tão bem feito e tão bem compreendido que se seguiu o sucesso espectacular do Ipad. Quando foi lançado alguns viam apenas um Iphone grande que nem fazia chamadas… mas no fundo é um brinquedo que o pessoal compra sem precisar da desculpa de ser também um telefone…

Sem comentários: