Em momentos de maiores apuros é natural que se exija uma concentração de esforços para ultrapassar as dificuldades e, relativamente a Portugal, este é seguramente um momento desses. Daí, algumas vozes falarem em governos de “salvação nacional” com um amplo espectro partidário. Eu não acredito muito na eficácia de um governo tutti-frutti, ou arco-íris, como pretenderem chamar.
Um órgão executivo tem que ter competência, seguramente, mas também não funciona sem coesão. Penso que essa congregação de esforços pode e deve ser feita mas a montante, na definição das linhas políticas e das grandes opções. E existe mesmo um órgão que bem utilizado seria excelente para isso. Chama-se Assembleia da República.
Ora bem, eu tenho muita dificuldade em lembrar-me de alguma discussão construtiva que tenha ocorrido nesse plenário. Vê-se sobretudo um conjunto de senhores que arengam mais ou menos bem, com maior ou menor elegância, educação e princípios, assim a modos de ver quem faz a gracinha mais original ou cospe mais alto. Depois, há uma altura em que se vota e aí é basicamente alinhar as espingardas que cada grupo tem e fuzilar.
Ainda recentemente a brincadeira de revogar o processo de avaliação dos professores, sem entrar em discussões sobre os méritos e deméritos da mesma, é de um oportunismo escandaloso. Desfazer o que estava feito, porque se ganham votos e mais espingardas para a próxima legislatura não é sério … e quando os eleitores não se sentirem representados nessa brincadeira, vai ser mau.
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