Não aprecio nada a nova expressão consagrada de “Geração à Rasca”. Nenhuma das palavras está bem. Em primeiro lugar não existe um problema específico dessa geração. Há um problema comum e, se calhar, pior estará quem fez há 20 e tal anos um curso a sério, teve o primeiro carro comprado com o seu ordenado, assumiu independência logo que pôde e agora com quase 50 anos se vê num beco de difícil saída. A geração que se diz “à rasca” está basicamente perdida. De uma forma geral viveu melhor do que a sua antecessora e tem dificuldade em assumir o seu lugar no palco da vida que se apresenta difícil. Os tempos não ajudam, mas a vitimização também não.
Depois, temos a palavra “rasca”. Quem está à rasca, busca “desenrasca” e de desenrascanços já temos que baste (considerando que nem toda a gente se pode desenrascar “tipo” João Pedro Soares). As motivações para as manifestações de rua podem ser divididas em dois grandes grupos. Aqueles que reivindicam moralização do sistema, mais justiça social, igualdade de oportunidades, chamemos-lhe melhorias sistémicas; depois há os outros que basicamente querem mais para eles, cujo grande anseio é poderem eles também serem “tipo” J.P. Soares. Nos motes reivindicativos recentes parece-me entender principalmente uma vontade de “desenrasca” e o que precisamos não é de um desenrascanço geral. É de empenho construtivo, sério e sustentável.
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