Começou em
Bem-vindos! Bem-vindos a este círculo dos compulsivos. Todos temos pulsões e compulsões, apenas a sua natureza e ponderação muda. Se as misturarmos e distribuímos na boa medida, seremos todos normais.
Naquele dia ele não foi ao círculo. Não estava completo. Uma parte dele tinha ido agarrada na mão da mulher do traço quando esta saiu a correr e ele não tinha arrumação mental suficiente para discernir. Até tinha alguma dificuldade em imaginar, estranhamente. Talvez fosse o círculo que tivesse começado a surtir efeito, mas não era claro se estava melhor ou pior. Imaginava menos compulsivamente, mas também lhe faltava uma parte dele, qualquer coisa se teria extraviado.
Ela também não foi. Uma parte do corpo dela tinha ficado abraçada ao homem da imaginação e ele não sabia bem se o queria ver de novo. Duas coisas podiam acontecer: ou essa parte dela tresmalhada voltava a si, regressando à normalidade ou não e aí ela ficaria verdadeiramente perturbada e não lhe apetecia nada sentir-se assim perturbada em público. Porque seguramente toda a gente, menos ele, é certo, ouviria e entenderia a discussão surda entre ela e a sua fracção desgarrada. E ela não queria, não queria isso. Entretanto riscava menos. Sentia a mão diferente, quase acariciada.
Por isso, nesse dia toda a gente falou deles. Achavam que as suas compulsões não eram boas. Está certo que ali no meio existiam algumas pouco recomendáveis, mas eram claras. Explicavam-se em dois tempos ou não se explicavam e pronto! Agora, aqueles dois eram muito confusos. Sempre com considerações de quem não sabe onde está ou o que quer. Não é que seja obrigatório sabê-lo, só que quando não se sabe, cala-se e não se inventa.
No final todos se sentiram melhor consigo próprios. Tinham-se solidarizado e identificado entre eles. Agora sim, eram uma espécie de grupo e ganharam abertura para criarem laços de cumplicidade, interessaram-se genuinamente pelos outros prontos a receberem um bocadinho de cada uma das outras pulsões em troca das suas. Andava cada qual com a sua caderneta de cromos a trocar repetidos e como uma certa ansiedade, buscando terminar a colecção antes que lá entrasse a monstruosidade de um cromo disforme daqueles outros dois, que lhes arruinaria o equilíbrio.
Naquele dia ele não foi ao círculo. Não estava completo. Uma parte dele tinha ido agarrada na mão da mulher do traço quando esta saiu a correr e ele não tinha arrumação mental suficiente para discernir. Até tinha alguma dificuldade em imaginar, estranhamente. Talvez fosse o círculo que tivesse começado a surtir efeito, mas não era claro se estava melhor ou pior. Imaginava menos compulsivamente, mas também lhe faltava uma parte dele, qualquer coisa se teria extraviado.
Ela também não foi. Uma parte do corpo dela tinha ficado abraçada ao homem da imaginação e ele não sabia bem se o queria ver de novo. Duas coisas podiam acontecer: ou essa parte dela tresmalhada voltava a si, regressando à normalidade ou não e aí ela ficaria verdadeiramente perturbada e não lhe apetecia nada sentir-se assim perturbada em público. Porque seguramente toda a gente, menos ele, é certo, ouviria e entenderia a discussão surda entre ela e a sua fracção desgarrada. E ela não queria, não queria isso. Entretanto riscava menos. Sentia a mão diferente, quase acariciada.
Por isso, nesse dia toda a gente falou deles. Achavam que as suas compulsões não eram boas. Está certo que ali no meio existiam algumas pouco recomendáveis, mas eram claras. Explicavam-se em dois tempos ou não se explicavam e pronto! Agora, aqueles dois eram muito confusos. Sempre com considerações de quem não sabe onde está ou o que quer. Não é que seja obrigatório sabê-lo, só que quando não se sabe, cala-se e não se inventa.
No final todos se sentiram melhor consigo próprios. Tinham-se solidarizado e identificado entre eles. Agora sim, eram uma espécie de grupo e ganharam abertura para criarem laços de cumplicidade, interessaram-se genuinamente pelos outros prontos a receberem um bocadinho de cada uma das outras pulsões em troca das suas. Andava cada qual com a sua caderneta de cromos a trocar repetidos e como uma certa ansiedade, buscando terminar a colecção antes que lá entrasse a monstruosidade de um cromo disforme daqueles outros dois, que lhes arruinaria o equilíbrio.
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