07 janeiro 2010

A rapariguinha do shopping

Um cheque da Fnac prestes a expirar fez-me correr a um “shopping” um dia antes do final do ano. Bom... se o movimento com crise é aquele, que seria se ela não existisse?!

Com o tempo limitado e sem muita paciência para acotovelar o necessário e optimizar os 10 Euros, trouxe um velho disco histórico que ainda não possuía, o primeiro do Rui Veloso, “Ar de Rock”, álbum que abre com o tema: “A rapariguinha do shopping”! E dá vontade de comparar, 30 anos depois, as duas gerações de rapariguinhas do shopping. Seguramente que a actual não traz uma revista de bordados nem faz malha no autocarro. Descerá as escadas rolantes enviando SMS’s por um telemóvel catita e já terá até ganho para o carrito. O olhar rutilante, abanar das ancas, rimel e crayon é que talvez sejam os mesmos....

Há 30 anos, a rapariguinha tinha pretensamente subido na vida. Já só se dava com gente bem e ia ao sábado à noite à boite! Hoje é o contrário. Poderá continuar a sentir o glamour por procuração de vender moda a gente, alguma, bem e irá seguramente à boite... mas o shopping é agora um elevador social que vai mais para baixo do que para cima.

Algumas rapariguinhas do shopping até terão uma licenciatura pública ou privada, um daqueles canudos mais ou menos consistentes e por lá andarão mais ou menos a prazo, em horizontes mais ou menos longos ou claros, mais ou menos acomodadas.

Os ditos cujos podem ser muito giros, alguns, e até práticos. Os investimentos em shoppings poderão ter tido um bom retorno financeiro para os promotores e construtores. No entanto, em termos sociais, culturais é até mesmo macro-económicos quanto ao impacto no crescimento do país, o efeito é nulo... ou negativo.

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