30 janeiro 2009

As crises

Já não deve faltar para muito para ser necessário um superlativo para esta palavra, de tal forma está gasta e banalizada.

Toda a gente entende que os americanos deixaram de pagar as suas hipotecas, que os bancos ficaram com as casas sobrevalorizadas e sem liquidez e que bancos sem liquidez é uma catástrofe.

Depois, as bolsas caíram. Tudo o que era “fortuna” baseada em acções, daquelas boas que subiam assim tipo balões de ar quente, derreteu como neve ao sol; tudo o que era financiamento com garantia sobre acções ficou com o chão em falso.

Agora, o que se está a viver hoje não se explica apenas por estes escassos meses de retracção de consumo, falências individuais, restrições de crédito e dificuldade de colocação de capital em bolsa. Foi muito pouco tempo para tamanho efeito. Já estávamos era assim a cair para a crise e os “sub-prime” foram o empurrão para o abismo.

Hoje, finalmente, já ninguém sonha que os países e as sociedades em geral possam sobreviver comprando tudo feito, certo? Quando se vê o que está a acontecer, e, por exemplo, as nuvens negras sobre a Quimonda aqui ao lado, podemos reflectir sobre há quanto tempo está em curso esta deslocalização das actividades económicas para zonas de “mão de obra barata”, dando espectaculares taxas de crescimento nesses países e preços de produtos fantásticos por cá… e que esperávamos? Baixarmos até ao nível social dos chineses, para sermos competitivos, ou esperarmos, considerando que sobreviveríamos até lá, que eles chegassem ao nosso nível? Na prática seria uma espécie de meio caminho por ambos os lados, mas descer, mesmo apenas metade, é já uma grandessíssima senhora crise. A economia é demasiado importante para ficar nas mãos dos economistas. Política, com “P” maiúsculo, precisa-se.

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