15 janeiro 2009

Será da idade?

Diz-se que com o avançar dos anos ficamos mais rezingões e com menos pachorra para aturar contra-tempos. Não sei se isso será mesmo assim; pelo menos os grupos de turistas reformados que por aí circulem demonstram muitas vezes um nível de paciência assinalável…

Esta semana vim à Argélia, na minha visita mensal. Como não tinha a agenda estabilizada e a famosa crise diminuiu a frequência dos voos por Espanha, resolvi vir via Paris, que ainda tem voos diários.

Detesto o aeroporto de Charles de Gaulle. Visualmente muito frio e desconfortável. O velhinho e decrépito Orly é mais humano e simpático. O voo da ex-Portugália chega ao terminal 1, que, apesar de umas pinturas novas, parece tirado de um filme barato de ficção científica dos anos 60. Não sei bem como são, mas associo-os a decorações assim "futuristas passadas", com tapetes rolantes a subirem, a descerem e a cruzarem-se no espaço, cada qual bem envolvido pelo seu tubo plástico.

No meio da ligação deveria existir um almoço. Como os controlos de segurança em Paris tendem a serem desesperantemente longos, achei melhor almoçar depois de entrar e depois de me informar de que “sim, lá dentro há restaurantes”. No dito controlo de segurança: sapatos fora, cinto fora! Mas o meu cinto não toca! Tire na mesma, pode ter algo escondido. Ora bem se posso ter algo escondido no cinto não detectado no pórtico, mais depressa o esconderia numa costura das calças, dado ainda não termos chegado à fase de passar em cuecas.

Depois de repor o cinto, o casaco os sapatos e tudo, lá vou à procura dos restaurantes. Duas coisas meio self-service, meio bar, sendo necessário lutar para não comer de pé. Por uns módicos 12 euros pode-se ter um prato quente a partir de um tabuleiro plástico que se coloca num microondas, depois de furar a película de cobertura, depois de partir o garfo plástico na manobra e depois de esperar 10 minutos que o cliente anterior acabasse de aquecer os seus.

O famoso Dilbert dizia numa das suas famosas e esclarecidas irónicas reflexões que somos muitos cuidadosos a tratar do nosso automóvel, apenas usando lubrificantes e combustíveis 100% como deve ser, enquanto que para o estômago enfiamos qualquer porcaria desde que minimamente energética e digestível. Pois… acreditamos mais na resistência do nosso organismo que ainda tem muitos órgãos importantes não substituíveis nem recicláveis do que na do automóvel. Questão de bom senso, de prioridade ou de insanidade?

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu penso que um bocadinho das três! ;)
HP