03 dezembro 2006

“Percepções e realidade” por Santana Lopes

Entretanto, José Sócrates ganhava as directas para líder do Partido Socialista [....] No meu círculo havia quem atribuísse esta vitória de Sócrates também à popularidade que alcançou nos debates que tinha comigo, semanalmente, na televisão sobre temas da actualidade. Algumas opiniões referem que fui eu que “criei” José Sócrates como figura da comunicação televisiva.
[...] os debates da RTP, sempre um pouco mal amados nos dois partidos porque nos davam popularidade e porque [...] eu estava “a inventar Sócrates, ao dar-lhe tempo de antena”.


O homem, para lá dos 5 filhos, ainda é pai mediático de José Sócrates que, sem ele, não teria chegado onde chegou! Se calhar não teria chegado, pelo menos nessa altura, mas por outras razões. E é evidente que este confronto só terá trazido vantagens a Sócrates, mas antes pela fraqueza de Santana Lopes...


Governei com toda a boa-fé, cumprindo o princípio de não deixar para depois as medidas difíceis, mais exigentes, algumas que já deveriam ter sido tomadas. [...] Se soubesse que o Jorge Sampaio iria dissolver a Assembleia, antes de um ano depois da tomada de posse, obviamente não teria seguido esse cronograma de decisões, porque considerava importante para Portugal garantir uma nova maioria com princípios e valores de governação que defendo e não dar o poder a adversários com caminhos diferentes.

Estas duas frases, no mesmo parágrafo (!), são representativas da ondulação do autor. Por um lado faz uma profissão de fé na sua convicção em governar com firmeza e convicção e sem fugir às decisões difíceis e impopulares, postura que reforça em várias passagens do livro. A seguir diz que se sonhasse que existiriam eleições tão cedo, a estratégia seria outra porque ganhar as eleições, afinal, é prioritário relativamente às reformas necessárias.

4 comentários:

Maria Manuel disse...

Digamos que há alguma irrealidade nas suas percepções da realidade. Acreditemos que ele acredita nalgumas das coisas que diz… talvez à força de as repetir. :-)
Mas a 2ª passagem transcrita parece revelar uma deontologia completamente deturpada!

Carlos Sampaio disse...

MM

O que é "deontologia"? Os príncipios do homem são claros. É importante fazer as reformas, mas só se forem feitas por nós!
Não é bem uma novidade. A diferença é que, com alguma ingenuidade, ele escreve o que muitos só dizem baixinho.

Anónimo disse...

Santana Lopes não passa de um menino mimado…
Não será por acaso que Santana se faz fotografar em frente ao retrato do Marquês de Pombal com quem lhe disseram ser parecido e quem sabe até ser uma sua reencarnação e então justificou-se na altura essa "repetição monárquica"

Fernando Pessoa disse: "nascer português só pode ser missão ou castigo..."
durante muitos anos pensei que era missão...mas agora direi que é mesmo e só castigo.
Se fosse mais nova emigrava...ou se fosse mais velha morria-me de desgosto como Maria de Lurdes Pintasilgo fez! Assim sofro inutilmente ver o País nas mãos de tantos seres inúteis e inconscientes de qualquer Valor Profundo de se SER português...

Maria Manuel disse...

CS

Deontologia

Deontologia

;-))