28 novembro 2006

A luta que continua

Eu, e creio que muitos mais, já não temos pachorra para as demonstrações e as lutas dos funcionários públicos. Não os ponho todos no mesmo saco, até porque, sendo tantos, haverá estatisticamente espaço para tudo.

Gritam escandalizados pela perda dos direitos adquiridos. A seu lado, que gritariam, só como exemplo, os trabalhadores da Opel Azambuja? Ou os da Autoeuropa que viram recentemente ser anunciado, de um dia para o outro, que 3/4 dos seus colegas de Bruxelas “vão à vida” ?

É desesperante não haver a mínima abordagem a como fazer melhor com menos recursos; como contribuir para criar mais valor. Do lado dos sindicatos, tudo o que seja tentar separar o trigo do joio, é uma reversão das conquistas dos trabalhadores que devem ser todos promovidos a par, independentemente do mérito e do contributo de cada um.

É estúpido não procurar que os recursos existentes sejam geridos para trazer mais riqueza ao país. E é egoísta exigir esses recursos para progressões automáticas, em vez de os deixar serem utilizados para criar condições para a reintegração de quem vai sair da Opel Azambuja e de tantas outras.

4 comentários:

Maria Manuel disse...

Não os ponho todos no mesmo saco, até porque, sendo tantos, haverá estatisticamente espaço para tudo.

Mais do que as estatísticas, contam as pessoas. E tu conheces algumas que não entram nesse saco. :-)

Mas é um facto que ele existe e está bem cheio de pessoas e de reivindicações que, a par de outras, mais prementes, parecem supérfluas... Não estou tão certa assim de que a desgraça de uns deva calar o mal-estar de outros, mas naturalmente retira-lhes força.

Os sindicatos, esses, estão, quanto a mim, cada vez mais enfraquecidos, pela sua falta de inteligência e de capacidade de se modernizarem. Muitas vezes, prejudicam mais do que ajudam!

Já essa visão de um governo Robin dos Bosques me parece bastante utópica.
É evidente que é estúpido não procurar que os recursos existentes sejam geridos para trazer mais riqueza ao país. Mas duvido bastante de que a intenção seja tirar a uns que têm relativamente pouco para dar a outros que têm bastante menos...
Não há decisões governamentais que te parecem de esbanjamento?!
E os erros de gestão, enormes e acumulados, dão-se ao nível das cúpulas...

Carlos Sampaio disse...

A questão não é tirar aos pobres para dar aos miseráveis. A questão é utilizar os recursos disponíveis para haver menos pobres e miseráveis. Quero dizer que não é dar por dar mas criar condições para ... criar riqueza.
Investimento reprodutivo em vez de despesa...
Na situação do país em que há poucos recursos e muitas necessidades, é egoísta insistir em exigir o último cêntimo de "direitos aquiridos" e é "pouco cívico" centrar-se na reeinvidacação dessas exigências em vez de procurar participar activamente na criação de riqueza.

E, evidentemente, há muito gasto público que é desperdício. Aí para trás no blog não faltam referências.

Anónimo disse...

Há efectivamente que disitinguir o trigo do joio! Mas é preciso estar no sistema para opinar sobre estas matérias. Identifico-me com as afirmações e questões da Maria Manuel.
Que dizer dos que efectivamente são produtivos no sector público? Onde está o seu lugar? No mesmo dos improdutivos??!!
...e que dizer de uma segurança social que dispende mais de 700 euros mensais num agregado familiar de 4 pessoas de etnia cigana, nada disposto a trabalhar(reportagem recente passada num canal da televisão)?! Para além desta reportagem, conheço agregados familiares dessa etnia que chegam a receber 1000 euros!!Anteriormente , eram guetos; agora são privilegiados??!!
Dá-se o peixe ou ensina-se a pescar?
Priviligia-se o produtico ou tapam-se "buracos"?

Carlos Sampaio disse...

Ana Sampaio:
"Que dizer dos que efectivamente são produtivos no sector público? "
Deveriam exigir que os improdutivos e oportunistas passassem a ser produtivos e não premiados por igual, em vez de se manifestarem todos em bloco.

"e que dizer de uma segurança social que ... (paga a quem)..., nada disposto a trabalhar"
É o probema da segurança e da protecção pouco exigente. E não me parece que seja só com ciganos