25 novembro 2006

A África chinesa

Uma recente edição do NYTimes on-line trazia, em nada menos do que 6 páginas, uma longa reportagem sobre a aventura africana da China, centrada em Angola.

Basicamente: Angola tem petróleo e precisa de financiamento para obras públicas. É uma espécie de milagre ao contrário. Os organismos de financiamento “ocidentais” como o FMI condicionam o seu apoio a o país a uma série de coisas chatas. Para lá do rigor nas contas públicas, a opinião pública ocidental pressiona para um bom governo e transparência.

Os chineses, desesperados para encontrar fontes de energia para produzir bens que os ocidentais os ensinaram a fazer, são mais flexíveis. Compram o petróleo e financiam/realizam as obras públicas com “respeito pela especificidade africana”. E aqui, evidentemente, não há opinião pública que pressione para nada.

Portanto: os ocidentais estão a enriquecer a China, dando-lhe tecnologia e conhecimento em troca da utilização do manancial de mão de obra barata. A China enriquecida, apresta-se a tomar posição forte nos países ricos em recursos naturais, ultrapassando os ocidentais que, com mais ou menos disfarce, ainda têm alguns pruridos em fechar os olhos ao que se passa nesse terceiro mundo tão rico quanto pobre.

Daqui a uma dúzia de anos vai-se dizer: se calhar cometemos um erro de análise quando considerámos a China o Eldorado da produção industrial e lhes ensinámos tudo o que sabíamos.

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