Nestas eleições vimos uma preocupante subida de um populismo
irresponsável, cuja força, no entanto, não é a ideologia. Esta pouco é
escrutinada e muitos preferem colocar simplesmente a etiqueta de
“extrema-direita” (como antes se “lutava” colando etiquetas de “fascista” ou
“neoliberal”…). Seria mais eficaz pôr a nu a sua inconsequência e falta de
qualidade dos seus quadros do que infantilizar o eleitorado,
Quanto à queda do PS, não resisti em revisitar uma famosa
entrevista de António Costa à revista Visão, regiamente instalado em cima da
sua maioria absoluta em dezembro de 2022. Para lá de várias mensagens
sobranceiras e arrogantes, Costa proclamava: Habituem-se vamos cá estar assim
por quatro anos, independentemente de casos e casinhos que não interessam
verdadeiramente ao “país real”. Ainda não passaram 3 anos sobre essa data e o
país real mostrou não se habituar.
É evidente que o perfil do Pedro Nuno Santos não ajudou. Se
o PS foi importante na fundação da nossa democracia, não o foi com lideranças
deste perfil e nunca em irmandade com partidos de vocação totalitária.
O Chega tem/teve um eficiente papel destrutivo, mais por
demérito dos outros, que se puseram a jeito, do que por mérito próprio. Papel
eventualmente positivo, correspondente à responsabilidade que a sua nova
dimensão exigiria, é difícil de o imaginar neste momento.
Estas eleições mostraram que o eleitorado não se habitua a
tudo, em parte felizmente. Será o momento de os intervenientes responsáveis
refletirem que é preciso mudar algo seriamente, senão serão mudados eles e o
resultado, para o país real, pode não ser positivo.
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