Relativamente à polémica com a empresa familiar de Luis Montenegro, preocupa-me pouco o seu possível conflito de interesses com a famigerada “lei dos solos” ou o facto de ele eventualmente parquear a sua participação junto da sua mulher, um primo ou o motorista.
Tão pouco a primeira questão será conhecer as empresas que
recorreram aos seus serviços de consultadoria, mas sim a natureza dos mesmos.
Se, por exemplo, a atividade da empresa fosse vender sardinhas, os seus
clientes trocavam uns tantos euros por umas tantas sardinhas e era claro o que
estava a ser transacionado.
Da mesma forma que não há lojas a venderem simultaneamente
sardinhas, raquetes de ténis e impressoras multifunções, um serviço de
consultadoria é um trabalho especializado. Alguém tem um conhecimento profundo
de um dado contexto e esse conhecimento é o valor que é vendido aos seus
clientes. Pelo objeto social da empresa, “planeamento estratégico, organização,
controlo, informação e gestão, reorganização de empresas, gestão financeira,
gestão de recursos humanos, segurança e higiene no trabalho, objetivos e políticas
de marketing, organização de eventos, proteção de dados pessoais”. não se
descobre a especialidade que está em causa, nem o que poderão ser exatamente esses
serviços que conseguem fazer entrar em casa do primeiro-ministro umas centenas
de milhares de euros.
Qual foi a natureza da contrapartida dessas compras? Em
função dessa resposta, poderá ser importante conhecer as empresas que a tal
recorreram, mas a primeira questão é esclarecer o que se vende por ali…
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