07 agosto 2023

Hiroxima, missão assassina? (I)


Por estes dias, concretamente a 6 e 9 de agosto, registam-se os aniversários dos bombardeamentos atómicos sobre o Japão de 1945, acontecimentos que mudaram para sempre este mundo e as suas guerras.

Uma primeira discussão será de até que ponto isto poderia ter sido evitado e a bomba atómica não ter sido de todo inventada. Parece impossível. A própria Alemanha estava na corrida, imagine-se se tivessem chegado primeiro, e mais tarde ou mais cedo a bomba seria uma realidade. A perseguição aos judeus, incluindo aos físicos que fugiram e atravessaram o Atlântico, foi afinal um "feliz" tiro no pé dos nazis.

A segunda questão é se havia necessidade de a ter utilizado e se este massacre de civis constituiu um ato criminoso. Se bem que com meios diferentes, bombardear cidades para forçar rendições, aconteceu neste final da guerra, mas também logo no início. Quando em maio de 1940, a Alemanha resolveu atacar e França, atravessando o Benelux para contornar a famosa linha Maginot, a Holanda resistiu inicialmente, mas rendeu-se após um brutal bombardeamento que arrasou Roterdão. A Bélgica, na perspetiva de sofrer algo idêntico também não resistiu e estas capitulações relâmpago dos seus vizinhos do Norte, foram muito criticadas pela França, que a isso atribui a sua derrota… relâmpago.

Seguiu-se o massacre de Londres e a “very british” reação de “Keep calm and carry on”. Mais tarde seria a resposta aliada na Alemanha, como, por exemplo, Dresden, Colónia, Hamburgo e Berlin.

Quando Truman decide largar a bomba em Hiroxima, para forçar a capitulação do Japão, não era também a primeira vez que uma cidade nipónica sofria um bombardeamento. O tipo de bomba, escala e efeitos foram diferentes, mas o princípio não foi diferente do que tinha sido corrente naquela guerra.

O segundo bombardeamento de Nagasaki, apenas 3 dias depois, sem ter dado tempo ao Japão de assimilar e reagir ao de Hiroxima, é bastante mais questionável. O fato de a primeira bomba ser de uranio e a segunda de plutónio, faz especular sobre se o interesse “científico” em testar os dois tipos de bomba não se terá sobreposto aos objetivos puramente militares e humanos…

Enfim, com a ligeireza e tranquilidade de quem hoje está a olhar para isto sentado num sofá, a toda esta distância, parece-me que Hiroxima tem desculpa, mas Nagasaki talvez não.

Continua para ...

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