11 agosto 2023

Hiroxima, o dia depois (II)


Continua de

Depois do cogumelo subir nos ares de Hiroxima ficou claro que as guerras não voltariam a ser como antes.

Dizem que a II Guerra foi a continuação da primeira, e esta talvez tivesse sido um ajuste de contas pela de 1870 e por aí fora. Dizia-se que a “guerra era a continuação da política por outros meios”.

Qualquer coisinha, ganância ou birra, dava direito a cruzar armas, de forma mais ou menos localizada, tendo nós tido a sorte de ser apanhados nessas “políticas” apenas uma vez, a da ambição napoleónica, que muito mudou isto por cá… e pelo Brasil.

No nosso retângulo nunca tivemos a mesma dinâmica e rotina bélica do centro da Europa. Lutamos contra os muçulmanos na construção do país, lutamos contra os castelhanos /espanhóis nos séculos XIV e XVII na reafirmação do mesmo; lutamos entre nós no parto do liberalismo, mas nunca tivemos guerras permanentes de 30 ou 100 anos como para lá dos Pirenéus.

No século XX as guerras globalizam-se deixaram de ser pontuais conflitos bilaterais. A primeira vai ter a barbaridade das trincheiras e da inacreditável facilidade com que se enviava inutilmente carne para canhão ao tentar furar a linha. Para a segunda a mecanização dá maior mobilidade e a novidade são os “desmoralizadores” bombardeamentos de civis.

Hiroshima é um passo gigantesco na história bélica. A guerra já não é extensão da política onde uma vez ganham uns, outra vez ganham outros. É a potencial destruição do planeta onde todos perdem.

Há a divisão entre países que têm a bomba e a os que não a têm. Nasce o equilíbrio do terror, entre os possuidores da dita, gente supostamente, apesar de tudo, responsável, como a crise dos misseis de Cuba de 1962 demonstrou.

Não voltamos a ver guerras mundiais, apenas vivemos no receio do que uma falsa manobra ou um erro de comunicação possa originar. O genial filme Dr Strange Love de Stanley Kubrick que ilustra esta publicação é um monumento eloquente a esse absurdo.

E a bomba trouxe alguma paz… quem diria.

Continua para …

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