15 janeiro 2022

Muito mais é o que os une…?


“Fechem os olhos e ponham lá a cruzinha”. Consta que esta terá sido a expressão usada por Álvaro Cunhal para instruir aos seus camaradas o voto útil em Soares na segunda volta das Presidenciais de 1986. Certo que os comunistas preferiam este último a Freitas do Amaral e quem nunca votou contrariado num mal menor, que atire a primeira pedra. Foi um sapo que tiveram que engolir e não se viu Soares e Cunhal de mãos dadas em devaneios românticos de um “muito mais é o que nos une do que aquilo que nos separa”: - Olhe que não, olhe que não…!

Compreende-se que o PC e o BE tenham preferido recentemente um governo do PS a um do PSD. O que não se entende é o sapo ser apresentado transfigurado em delicioso leitão. O modelo de sociedade historicamente defendido pelo PS não tem nada em comum com o dos regimes comunistas totalitários cujas aplicações ao longo de um século apenas provocaram decadência e ruínas de várias naturezas. Apresentar esses projetos e o PS irmanados num manto de uma esquerda virtuosa é um embuste, ou então o PS mudou muito e com ele não vamos longe.

Não sabemos o que sairá das próximas eleições. Esperemos não acabar em novo casamento ambíguo com dote excessivamente elevado. Para lá da improvável repetição de algo na escala dos 3200 milhões da nacionalização da TAP, o atraso e o marcar passo do país com cedências a conceções económicas e sociais que já demonstraram cabalmente a sua falência tem um custo muito alto.

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