06 março 2019

À moda do Porto


No último verão passei pela Lello pela primeira vez depois de ela estar no roteiro turístico, com entrada paga e tudo. O facto de fazer parte dos locais obrigatórios a visitar na baixa da Invicta, levanta algumas reflexões.

É uma evidencia de que a cidade não tem assim tantos pontos de chamada atração turística, como talvez seria de esperar numa cidade centenária e muito fortemente identificada com a personalidade do país (desculpem lá as outras). Citando Alexandre Herculano:

“Rudeza e virtude são muitas vezes companheiras; e entre nós, degenerados netos do velho Portugal, talvez seja elle [o Porto] quem guarde ainda maior porção da desbaratada herança do antigo caracter português no que tinha de bom, e no que tinha de máu, que não passava de algumas demasias de orgulho.”

“Um carácter de honra granítica, uma tonalidade sóbria e altiva de quem emergiu na afirmação do poder à custa do trabalho desenvolto, um tratamento (...) com sabor a maresia, uma alma patente, bom coração, generoso, leal”


Porque uma simples livraria se tornou numa etapa indispensável dos locais a visitar na cidade? Não é mau ser uma livraria e não será assim tão simples, mas… Talvez por o carater do Porto não residir em palácios, que quase não existem, nem se espalhar por salas de visitas.

Não faz mal os turistas visitarem a Lello, mas não procurem a cidade por aí. A sua assinatura está por outros lados, não necessariamente em locais onde se entra por uma porta.

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