07 fevereiro 2018

Vendendo Coisas


Elon Musk tem mérito. É um empreendedor incrível, merecendo admiração por ter lançado projetos ambiciosos e realizado façanhas ao alcance de muito poucos. Implantar uma nova marca e um novo conceito automóvel, num sector económico e industrial tão exigente e consolidado, capaz de, pelo menos, fazer refletir os monstros instalados, é obra.

Só que, o reconhecimento desse mérito, não deveria implicar miopia. A Tesla não consegue aumentar o ritmo de produção do famoso modelo 3, o tal que iria definitivamente dar a escala necessária à empresa. Quem alguma vez na vida já fez alguma coisa nova de raiz, sabe que prazos nestes processos são sempre coisa difícil de dominar. No entanto, investimento feito sem produção correspondente é um problema muito grande. Apesar de toda a excitação, a viabilidade económica da Testa está tudo menos garantida.

Assim, Elon Musk, precisa regularmente de arranjar mais massa. Necessita convencer a malta de que “amanhã é que a coisa vai ser”, investindo muitíssimo em marketing de imagem e na alimentação/renovação de expetativas. Aquela coisa de querer colonizar Marte, a mim, parece-me mais coisa de imagem, de autopromoção do que coisa real e com significado “per si”. Se o gajo diz que quer (vai?) pôr pessoal em Marte, construir carripanas de quatro rodas deve ser coisa trivial para ele – infelizmente, não está a ser.

O recente lançamento do Falcon Heavy, para lá do sucesso técnico objetivo, é, em muito, um golpe publicitário. Com tanta sucata que já existe no espaço, não arranjavam coisa mais útil para enviar do que mais sucata, neste caso vermelha? Claro que o povo adora e vamos lá comprar um carro, ou umas ações, da tal empresa, supersexy, a única que manda carros apodrecer no espaço? Chique…!

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