11 fevereiro 2018

Not famous, not blue, not raincoat

Ao contrário doutras peças de vestuário, das quais há muitas, dizem que chapéus, mas na realidade mais as camisas, sobretudos e gabardines costumamos ter poucos e, muitas vezes, principalmente um, o favorito.

Questão não precisar de ir para lavar tão frequentemente, questão de economia na carteira e até de espaço nos roupeiros e até de identificação mútua ou de relação afetiva com o tal. Tanto assim, que no inverno acabamos por nos identificar e ser identificados com o agasalho oficial da estação, atravessando este facilmente vários anos. Fica a dúvida de até que ponto essa identificação é toda definida de nós para ele na escolha que fazemos ao comprar, ou se não há uma parte dele para nós quando posteriormente nos moldamos ao dito cujo.

Um trovador, o tal que merecia o Nobel da Literatura mais do que o outro, tem uma belíssima canção sobre uma famosa gabardina azul, mesmo rasgada num ombro. Aquela minha coisa aqui representada, ainda não rasgou, mas começa a ter um desgaste de anos acumulados já a chegar ao limite da decência. Um grave problema. Reformar um sobretudo é arquivar uma parte da nossa história, coisa que nem sempre apetece, e quando mudamos de agasalho, mudamos até da forma de andar, acho…

Divago em excesso? Seja! Não há vida sem divagação e, falando em vida e balanços de vida, vou buscar uma das mais belas frases do tal trovador, uma que poucos rejeitariam para epitáfio:

“Like a bird on the wire, like a drank in a midnight choir, I’ve tried in my way to be free.”

Obrigado L. Cohen

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