21 agosto 2017

Je suis Altice

Não sou cliente da PT, nem pretendo ser, e não tenho nenhuma simpatia ou admiração especial pela Altice. No entanto, como cidadão, sinto vergonha pela triste figura que o nosso governo está a fazer, no assédio à empresa francesa, protagonizado pelo próprio Primeiro-Ministro.

A PT enquanto pública, ou “para pública”, foi um rio de dinheiro, aproveitado e abusado por muitos famosos da praça. No meio desse saque, o negócio ruinoso com o Brasil destruiu o valor da empresa, sempre sob o alto patrocínio, interesse e influência de quem governava. Sobre as responsabilidades neste saque aparentemente não se interessam os políticos, apenas os juízes.

Subitamente, a Altice e a PT, passaram a ser coisa pestilenta. Nos dias seguintes à tragédia de Pedrogão, o PM assume e repete cegamente o comunicado desresponsabilizador do SIRESP, que, supostamente, não tinha falhado; agora decretou que o colapso do sistema foi devido aos cabos aéreos da PT, pelos vistos subcontratado do consórcio (e gostava de saber se nesta cadeia alguém exigiu contratualmente cabos enterrados). Amanhã, se a Altice desistir de comprar a TVI, voltamos à primeira forma? É claro como água que foi esta aquisição que irritou o PS, a ponto de vermos um PM fazer figuras terceiro-mundistas. Em que continente vivemos?

Sobre o Siresp, só fica bem quem não esteve perto. Hoje temos um sistema caro, obsoleto e frágil. Já que o PM tem um amigo bom a renegociar coisas, e até conhecedor deste dossier, a solução é resiliar e contratar uma prestação de serviços a profissionais, deixando de brincar a infraestruturas de comunicações dedicadas que falham ao primeiro aperto (não apenas quando os cabos aéreos ardem).

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