14 agosto 2017

PCP – prova de vida?


Já sabemos que nos tempos que correm ser comunista puro e duro é uma coisa meia religiosa, de fé e de dogmas. Após cem anos de ensaios não faltam evidências da falência do modelo e a realidade sócio-económico atual é também excessivamente diferente da do tempo de Karl Marx. Num contexto religioso é normal, e fundamental, existirem coisas do domínio do misterioso…

Um dos mistérios destes dias, para mim, é o apoio do PCP aos “déspotas boliverianos”. Se no passado, quando não havia internet nem satélites, ainda se podiam imaginar coisas bonitas sobre Cuba e ignorar, querendo ou não querendo, a ausência de liberdade, sem entrarmos noutras carências, sobre a Venezuela de hoje, não há desculpa.

É-me extraordinariamente difícil entender como alguém com o mínimo discernimento ainda consegue ser solidário com esta “tragédia boliveriana”. Para ajudar, ainda vejo posições de apoio à Coreia do Norte, contra o imperialismo americano. Não, não tenho grande simpatia pelos EUA, muito menos pelo Sr. Trump. Apesar de tudo, admiro um país onde as instituições funcionam e a separação de poderes é robusta, como o próprio sr Bush está a constatar. Mas, criticar os EUA, fazendo vista grossa das deficiências, para não entrar em pormenores, do regime norte coreano, é muito caricato.

Tenho uma teoria especulativa para desvendar estes mistérios. O PCP encontra-se apertado dentro da geringonça. Depois das reversões efusivamente saudadas, já ninguém sabe bem o que fazer para a ceia e, na prática, aquelas bandeiras históricas do sair da Nato, sair do Euro, desrespeitar o tratado orçamental da UE e etc, começam a ganhar bolor.

Gritar o apoio aos revolucionários do mundo, acaba por ser uma forma de marcar diferença, de apego às raízes, uma prova de vida. Perigosa, no entanto, por ser intelectualmente muito desonesta.


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