30 setembro 2013

Fuga dos partidos

Como é habitual, em maior ou menor escala, o poder foi “castigado” e a oposição reclama uma leitura política nacional e exige mudança. É assim em todas as autárquicas e, se nestas esse castigo está bem presente, a leitura dos resultados pode e deve ser muito mais rica. Refiro-me obviamente ao sucesso dos imprevisíveis independentes. A sua origem não é toda idêntica. Há políticos de carreira em ruptura com o aparelho central e há particularmente o caso do Porto, que é uma novidade absoluta nesta escala: um movimento de cidadãos organiza-se para tomar o destino da cidade nas suas mãos. Certamente uma especificidade fruto da personalidade muito particular da cidade. Independentemente da motivação das candidaturas independentes, o seu sucesso tem uma leitura clara. As populações rejeitaram os candidatos dos partidos e não vêm o futuro da sua terra nas mãos dos “Marcantónios” e à mercê das suas tácticas.

É mais um sinal de descrédito nos aparelhos partidários, nos seus modos de funcionamento e valores. A sua preocupação prioritária em gerir o poder no seu interior, deixa-os cada vez mais afastados e estranhos às populações. Se nas autárquicas é relativamente fácil aos cidadãos organizarem-se e criarem alternativas com sucesso, será muito difícil acontecer a nível nacional, numas legislativas, o mesmo que aconteceu no Porto. Isso, no entanto, não deveria ser motivo de descanso para os partidos e é muito mau atribuírem a culpa da sua derrota à simples existência de independentes.

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