23 maio 2013

Em Despedida ao Autor


De tantas vezes ter dormido
Com a minha solidão
Ficamos quase amigos
Uma doce habituação
Ela não me abandona nunca
Fiel como uma sombra
Segue-me aqui e acolá
Pelos quatros cantos do mundo

Não, eu nunca estou só
Tenho a minha solidão

Quando está no fundo da minha cama
Ela ocupa todo o espaço
E passamos largas noites
Só os dois face a face
Não sei mesmo até onde
Irá esta cúmplice
Deverei tomar-lhe o gosto
Ou reagir ?

Não, eu nunca estou só
Tenho a minha solidão

Com ela, aprendi tanto
Que até verti lágrimas
E se por vezes a repudio
Ela nunca desarma
E se prefiro o amor
Duma outra cortesã
Ela será no meu último dia
A derradeira companheira

Não, eu nunca estou só
Tenho a minha solidão

Georges Moustaki em tradução livre

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