11 setembro 2012

Experiência em curso

Eu, e creio que muitos mais, estamos de acordo com o princípio de fazer os sacrifícios necessários, desde que justos, claros e bem explicados. E, neste campo, a última declaração do nosso primeiro-ministro não ajuda nada. Em primeiro lugar, a famosa questão da igualdade exigida pelo TC não está satisfeita – é necessário que seja “permitido” a instituições públicas terem salários em atraso, fazerem despedimentos colectivos e até mesmo falirem!

Depois, o malabarismo do sobe e desce das contribuições para a Segurança Social entre trabalhadores e empregadores fundamentalmente não é uma medida de redução de défice público. Uns pagam mais 7%, outros menos 5,75%, e o saldo é apenas de 1,25%. Porque é que não se fez um simples aumento de 1,25% em vez desta redistribuição brutal? Para que serve este alívio da contribuição para as empresas: para dar viabilidade a empresas em desespero, para aumentar competitividade e exportações, para remunerar melhor os accionistas, para comprar um Mercedes novo ou para atrair investimento estrangeiro? O assunto é demasiado sério e o impacto dos 7% nos trabalhadores, quando tantos já estão individual ou familiarmente com pouca folga, é demasiado importante para se justificar com uma vaga declaração de boas intenções.

Atendendo ao contexto e ao histórico deste tema, eu encontro uma justificação: é o FMI que quer ver os efeitos na economia de um país que a redução da contribuição patronal representa e nós podemos ser um bom caso de teste. E como dependemos deles para mais tempo e/ou mais dinheiro, aceitamos ser cobaias. Eu sei que é uma especulação, mas é plausível e enquanto não me explicarem a real razão, considero-a a mais provável. E é um jogo muito perigoso, não para o FMI, é claro.

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