17 julho 2010

A Guiné dos ricos

Nem de propósito! A seguir ao meu anterior post sobre os números negros em África, em que apesar da liderança no rendimento per capita, a Guiné Equatorial não sai muito bem na qualidade de vida dos seus cidadãos, estamos com a polémica sobre o seu pedido de adesão à CPLP.

Se a pátria da CPLP é a língua portuguesa, então será difícil ela entrar, a menos que se considere o espanhol uma variante do português ou que ela adopte o português como língua oficial em pró-forma.

Agora, não venham com o argumento de que não deve entrar por ser uma ditadura. Para não ferir susceptibilidades, não falemos dos restantes membros da CPLP. Vamos por um caminho menos sensível e mais abrangente. Se a ONU fosse a recusar o estatuto de membro a todos os países que não respeitam os direitos humanos, quem ganharia com isso? Isolados, sem enquadramento e sem pressão internacional institucional, os párias ficariam ainda mais párias e a ONU mais fraca. É obviamente um equilíbrio delicado entre o pragmatismo e o limite da hipocrisia, mas globalmente é melhor estarem dentro do que fora.

Que a Guiné Equatorial queira ser “meia portuguesa” não pode ser muito mau. Acredito até que provocará alguma inveja noutras comunidades. Provavelmente que se fosse o pobre Burundi a pedir a adesão, levantar-se-ia a nobre solidariedade, independentemente do fraco nível democrático do país. Como se trata da rica Guiné Equatorial, há uma maior exigência, que por acaso até interessa às comunidades preteridas.

Ingénuos...

Sem comentários: